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TogglePequenas empresas ainda não estão prontas para a reforma tributária
Faltam menos de três meses para o início do prazo de transição da reforma tributária e pouco mais de um ano para a cobrança gradativa dos novos impostos. Mesmo assim, grande parte das empresas — principalmente as de pequeno porte — ainda não se preparou para essa verdadeira revolução no sistema tributário brasileiro.
Uma pesquisa da Omie, chamada Sondagem Omie das Pequenas Empresas, mostra que 57% dos empresários não conseguem medir os impactos das mudanças nos seus negócios. Outros 10% acreditam que a reforma tributária não trará nenhum efeito. No total, 67% dos empreendedores ainda não se preocuparam ou não refletiram sobre o tema, segundo José Adriano Vendemiatti, diretor de marketing de produto da Omie.
Ele alerta: “A reforma vai mexer com precificação, relação com fornecedores e fluxo de caixa. As empresas que não se anteciparem terão dificuldades.”
O que muda a partir de 2026
Em janeiro de 2026, começa a cobrança da alíquota teste da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
Nesse primeiro momento, as empresas não pagarão os novos tributos, mas deverão informar os valores nas notas fiscais, que ganharão campos extras.
A cobrança efetiva começa em 2027, de forma gradativa, até a extinção completa de ICMS, ISS, PIS e Cofins.
Para as empresas do Simples Nacional, o destaque nas notas dos novos tributos será obrigatório a partir de janeiro de 2027.
Outra pesquisa, feita pela All Tax, empresa de automação fiscal e tributária, revelou que apenas 9,5% das empresas brasileiras estão realmente preparadas para a transição. O levantamento ouviu 408 profissionais de 222 companhias.
Segundo o estudo, 13,5% afirmaram que suas empresas já estão prontas, enquanto mais de 40% ainda buscam soluções ou estão em processo de adaptação.
Municípios enfrentam grandes desafios
Os municípios também precisam se adaptar. A partir de 2026, todos deverão emitir a Nota Fiscal de Serviço eletrônica nacional (NFS-e).
As prefeituras poderão manter seus próprios sistemas, desde que integrem os dados ao ambiente nacional.
Cidades como São Paulo já decidiram usar sistema próprio, enquanto Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba optaram pelo sistema nacional.
Segundo o Portal de Monitoramento da Adesão dos Municípios à NFS-e, dos 5.571 municípios brasileiros, 3.413 já aderiram ao sistema nacional, mas apenas 383 estão ativos.
Vendemiatti observa que cerca de 70% dos municípios têm menos de 20 mil habitantes e muitos ainda emitem notas em papel.
Ele alerta: “Podemos enfrentar um apagão na emissão de notas se os municípios menores não se adequarem ou se o governo não flexibilizar os prazos.”
Sergio Sgobbi, diretor da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e de Tecnologias Digitais), reforça a preocupação.
Ele explica que, mesmo entre grandes cidades que escolheram um sistema próprio, será necessário criar uma interface de tradução entre os formatos locais e o padrão nacional.
Sgobbi ainda ressalta que “estar aderente não significa estar digitalizado”, e lembra que a maioria dos municípios depende de recursos próprios para investir em tecnologia — o que também preocupa micro e pequenas empresas.
Estados estão mais adiantados
Nos Estados, o processo de adaptação está em fase mais avançada.
Muitas secretarias de fazenda já liberaram o ambiente de homologação, que permite às empresas testar a emissão de notas fiscais com os novos campos para IBS e CBS.
De acordo com Edgard de Castro, presidente da Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços), as regras para notas de mercadorias estão praticamente definidas, o que permite que as empresas iniciem as adaptações em seus sistemas.
Ainda faltam alguns detalhes sobre o ambiente de produção dos emissores de notas, previsto para entrar em funcionamento até o final de outubro.
Castro lembra que o PLP 108, aprovado no Senado, livra os contribuintes de multas em caso de atrasos na adaptação, mas impõe um prazo de 60 dias para correções.
Como o texto sofreu alterações, ele voltará para a Câmara dos Deputados para nova análise.
Conclusão
A reforma tributária promete simplificar o sistema, mas exige planejamento e atualização tecnológica.
Empresas e municípios que se anteciparem sairão na frente, evitando problemas de fluxo de caixa, precificação e conformidade fiscal.
Na Bom Pastor Contabilidade, acompanhamos cada mudança de perto para garantir que nossos clientes enfrentem essa transição com segurança e tranquilidade.





